O que era para ser momento de descontração virou uma situação de angústia e com risco de morte.
Um casal gay relatou que sofreu ameaças de agressão e de morte durante partida entre Corinthians e Palmeiras, na quarta-feira 30.
Lucas Rabelo e o namorado estavam em meio dos torcedores do Corinthians na Neo Química Arena, em São Paulo, no jogo pela Copa do Brasil.
Ao Metrópoles, Rabelo contou que a estranheza da situação começou após 30 minutos de jogo.
Segundo ele, um torcedor que estava do lado do casal começou a "olhar feio e dar a entender que éramos torcedores infiltrados".
No intervalo, ele se levantou para comprar pipoca e, quando chegou, percebeu que o namorado estava bastante perturbado.
Ele questionou se os "meninos" haviam feito algo. Ao receber resposta positiva do namorado, ele resolveu que iriam deixar o estádio mesmo com a partida em andamento.
Os dois chegaram a procurar seguranças para relatar o ocorrido, mas acabaram desistindo temendo que a situação escalonasse para algo mais grave.
Só no caminho de volta é que o namorado contou a Rabelo o que ocorreu.
"Já estava chegando no metrô quando o meu namorado contou o que aconteceu: falaram pra ele que perceberam que a gente era um casal, que ali não era lugar pra ele ficar, que um soco na cara dele resolveria e que eles iam matar a gente", relatou.
"Em nenhum momento fizemos coisa de casal, nos abraçando ou algo do tipo. Os caras perceberam e falaram para meu namorado que “ali não era lugar para nós” e que “bastava um soco que resolvia”. Ainda disseram que, pelo menos, ele tinha voz de homem, ao contrário de mim."
A vítima afirmou que, em casa, fez boletim de ocorrência, mas a Secretaria de Segurança Pública não encontrou o registrou.
O Coleltivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ publicou carta aberta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) denunciando a homofobia no estádio e afirmando que o órgão mergulhou num "silêncio alarmante".
"O futebol brasileiro está em dívida com a comunidade LGBTQ+. A omissão das principais instituições do esporte tem contribuído diretamente para um ambiente permissivo à violência, à exclusão e ao ódio. Não nos calaremos diante disso", diz trecho do comunicado.
Segundo o UOL, o Corinthians convidou o casal para retornar ao estádio como forma de desculpas pela atitude dos torcedores homofóbicos.