Fabiana Moraes, do Intercept: nojenta é a demonização de gays

Sob o token de algo justo, defender mulheres, colunista apenas exala homofobia, podre em si

Publicado em 03/08/2023
intercept gay Fabiana Moraes
Autora usa várias estratégias argumentativas para atacar gays: isso sim causa golfadas

Por Welton Trindade

"Gente, quando eu vi aquela vagina na minha frente... Eu só falei: 'Eu vou ter de encostar, não, né? Olhe, não vai rolar! Piedade! Quero isso não! Que nojo!". E caímos na gargalhada! 

Quem proferiu a frase? Uma amiga minha heterossexual que contava, há cerca de três semanas, como foi sua primeira - e (ela se prometeu) - única vez em que ela ia para a cama com um casal de homem e mulher. Era ela dando chance para novas experiências sexuais... E que, no caso, virou apenas champagne problem para contar na mesa do trabalho enquanto o Uber não chega. "Gosto mesmo é de p**", rimos cúmplices!

Ah, e aquele vídeo engraçado? Como esquecer! Um gay bem do afeminado na disputa do bofe com a esposa fala para ela: "Meu c* é muito mais gostoso do que essa sua xavas**!" 

A resposta da mulher batendo com toda força na bacurinha: "Meu amoooooor, você nunca vai ter uma dessa para dar para os machos. Vai morrer com essa inveja!". E próximo vídeo do Tik Tok!

O que era só para ser risada e brincadeira entre amigos (ou inimigos por boy), é para a colunista do site Intercept Fabiana Moraes mi-so-gi-nia, isto é, discriminação a mulheres! 

E ela tem um Cristo-fetiche aí: os gays! Você sabe, a igreja e seus avôs e pais conservadores que viam/veem/verão algo de errado com a volúpia de homem por outro, por não gostar de mulher e consequentemente de vagina? Pois é, a colunista do Intercept pensa igualzinho! 

Para essa associação acima, gays, os errados, os seres que devem ser consertados tanto em seus desejos quanto, vejam só, nos não-desejos! Onde tem gays... não os deixam em paz! 

Até se querem vuco-vuco com quem cospe no chão ou faz as unhas vira propriedade alheia para saber se pode ou não pode! Pois é: tem de dar a senha do seu Grindr para a polícia sexo-corretozinha ver se aprova, viu, seu, seu... depravado politicamente incorreto! Vai quicar apenas onde a Comissão de Direitos Humanos da ONU autorizar! 

Só querer ver uma vagina na vida, a da mãe (se tiver nascido de parto natural), para a colunista, deve ser visto como uma discriminação! Sim, o ano é 2023! Sim, uma arauta do progressismo!  

Deve-se rezar ajoelhado no milho para ela nunca descobrir que muitos gays dizem a seguinte frase machista, extremista e boquista (discriminação milenar contra boca): "Não posso beijar mulher. Me dá sapinho"! Esses gays merecem mesmo os campos de concentração! 

Se ninguém disse, deve ser dito: "Repense-se quando suas ideias e atitudes tornam-se iguais às dos seus inimigos". 

O caldo que transborda no texto de Fabiana Moraes é cristalino: demonização de gays! 

E a estratégia adotada é multidimensional: mentiras históricas, memórias seletivas, correlações absurdas, elucubrações ignorantes, especificação negativa e, tal como a igreja, seus avós e seus pais, disfarçando a homofobia sob o véu de uma causa justa. Eles, Deus. Ela, o feminino. Ambos: tridente contra essa raça que ousa gostar de homem! 

A especificação negativa, explico: esse estratagema argumentativo consiste em construir a imagem de um grupo ou indivíduo atribuindo qualidades ruins a algo que pertence a ele sem admitir que tal traço é também visto em outras pessoas ou agrupamentos. Enfim, Foucault virado do avesso com toques de Valadão de curso de Humanas: o inferno é você!

Gays brincam com frase de não querer ver ou voltar a tocar vagina... Mas mulheres héteros também dizem isso (minha amiga, rimos, muito, né?), travestis que gostam de homem idem! Mas, dá-lhe especificação negativa nos gays! 

Quer mais? Ojeriza a órgãos genitais? Ah, tem gente que ou nunca sentou em uma roda de lésbicas e viu o que elas falam de pênis ou já sentou, mas, em busca de demonizar gays, prefere dar uma de deslembrada! 

Qual a próxima coluna? Sobre a misoginia e misandria das pessoas assexuais? Que emoção! 

A missivista segue concluindo que gays têm ojeriza ao feminino! Madonna, cadê você?! 

Ora, ora, a ensaísta tem o lugar de fala dela, e ele deve estar a boas léguas da realidade do mundo e do Vale! 

Fica a sugestão de, quando um tiver um tempo livre, juntar cinco gays em uma roda (calma, não é para botar copo de cabeça pra baixo), e perguntar quem são seus maiores ídolos, de quem são as músicas as quais vocês mais ouvem, com quem da sua família mais se sentem à vontade e acolhidos para falar de sua homossexualidade, de que gênero é a maioria das amizades no trabalho e na escola! 

Duas contribuições: a ONG de familiares em apoio a LGBT mais conhecida do Brasil é a Mães pela Diversidade (e todos nós LGBT nos perguntamos porque não são pais e mães)! É debate dentre gays o fato de muitos artistas homo e bissexuais masculinos reclamarem que parece ser preciso ser drag queen, ou seja, ter figura feminina, para poder fazer sucesso no segmento. 

E uma provocação: a ligação tamanha dos homossexuais com o universo feminino não estaria ligada à construção social preconceituosa aí introjetada pelos gays de que o masculino, por serem quem são, nunca pode ser deles? 

Agora solte logo os gays que eles querem ver Barbie

Ah, sim, a colunista elenca experiências que provariam por A + B que gays são os barrabás de glitter das mulheres. 

Um dos exemplos: um médico que a atendeu, no fim da consulta, falou que ela estava livre para passear no shopping!!!!  

Sabe quando o motorista do Uber lhe diz "Bom descanso" à noite, no fim da corrida, e você respira fundo, lembra do seu texto inacabado ou da mudança a terminar e diz: "Quem me dera! Tenho tanto a fazer ainda"? Pois é! E você nem precisou escrever textão dizendo que o tal ser humano desprezível portador de pênis achou que você não tem capacidade de escrever um TCC ou fazer faxina sem ajuda! 

Mas não, para Fabiana Moraes, está aí a quintessência da misoginia! 

Ler o texto aqui em voga e tudo o que ele faz para atacar homossexuais não é um gatilho para gays! É todo o carregamento de bombas que a União Europeia e os Estados Unidos mandaram até hoje para a Ucrânia! 

A autora vai ali a 1973, em Nova York, para lembrar do caso de uma lésbica que não deixou a ativista trans Sylvia Rivera falar em um evento! 

Sim, o entrevero entre uma lésbica e uma trans! E no nome de quem ela coloca no B.O.? Claro, dos gays! Todos Félix! 

Entendeu? Ela vai ao século passado, em um outro país, em algo que não há gays envolvidos diretamente para, para... arranjar base ao ataque de homossexuais masculinos! 

Por que será (ai, Cher, nos ajude!) que ela ignorou o fato de um dos maiores programas de inclusão de trans do planeta, o Transcidadania, ter sido feito por um gay? De a criminalização da transfobia ter sido conseguida no STF sob a defesa de um advogado gay? De a maior rede de acolhimento de trans do Brasil, a Casa Florescer, em São Paulo, ter sido obra de um gay? 

Ah, desculpe, viu, mas além de serem fundamentais nos avanços da cidadania trans, eles são cis, brancos e de classe média/alta! Será que desmonta muito o avatar de monstro desmunhecado que ela quer pintar? 

Ainda dentro dessa crença da autora: ela atribuir a Marsha P. Johnson e a Sylvia Rivera papéis de destaque na Revolução de Stonewall... Que tapa na cara da história! 

Mais
>>> Vídeo desmente fake news de que trans foram líderes de Stonewall

Quer parte da prova? Assista ao documentário A Vida e a Morte de Marsha P. Johnson, no Netflix, e veja a própria dizendo que chegou no bar horas depois de tudo ter se iniciado! "Eu tava no babado não, amapoa", em tradução livre! 

Ou será mesmo que para atacar gays-brancos-com-bíceps-acima-de-40-cm-e-com-harmonização-facial até o testemunho da própria pessoa tem de ser ignorado? 

A homofobia, descarada ou com a fuça borrada de bom mocismo, é que realmente causa vontade de vomitar! 

 

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