ELEIÇÕES 2020
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Candidata Carla Ayres: orgulho de ser PT e contra o capitalismo

Cientista social conseguiu em 2016 suplência na Câmara Municipal e atua para de novo levar o PT ao Poder Legislativo

Publicado em 31/10/2020
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"PT transformou a causa LGBT em política de Estado e deu visibilidade inédita à população LGBTI+", avalia

A colocação de seu nome na urna não é algo novo para a cientista social e ativista em direitos humanos Carla Ayres. Em 2016, foi candidata a vereadora por Floripa. Dois anos depois, a deputada estadual, quando conseguiu mais de 7,5 mil votos vindos de quase todos municípios de Santa Catarina. 

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Nesses últimos quatro anos, Carla, por ter obtido suplência, ocupou a Câmara Municipal por algumas vezes, mas o objetivo é estar na lista de pessoas eleitas em 15 de novembro ou ajudar seu partido, o PT, a chegar lá novamente. 

Ao mesmo tempo que diz não poder mudar a estrutura discriminatória da sociedade, a petista - com orgulho - mira alto ao afirmar que deseja fazer de Floripa a capital mundial do respeito aos direitos humanos.

Como seu mandato vai contribuir para o avanço da cidadania LGBT da capital?
Nunca tivemos compromisso efetivo do Poder Executivo com nossas pautas e nossas vidas. Prova disso, é o esvaziamento por parte dos representantes governamentais do Conselho Municipal LGBTI+, além de nenhum empenho orçamentário para execução do Plano de Políticas LGBTI+. Enquanto isso, os crimes contra a nossa população aumentam.

Por isso, é preciso que se elabore um Plano Estratégico de Governo Municipal que seja centrado em soluções para a nossa população, mas que também seja capaz de vislumbrar a integralidade dos sujeitos no seu direito à cidade a partir de lógica anti-sexista, anti-racista, anti-capacitista, anticapitalista e dentro de perspectiva intersetorializada com educação, saúde, empregabilidade e geração de renda, moradia, mobilidade, saneamento básico, alimentação, segurança, lazer, etc.

Queremos transformar Florianópolis na capital mundial do respeito aos direitos humanos, lar da diversidade, da tolerância, da acessibilidade e das ações afirmativas. Buscaremos transversalizar as políticas públicas incluindo sempre em todas as ações e pautas as questões étnico raciais, gênero, classe, pessoas com deficiências e geracional.

Quem votar em você vai ajudar a eleger pessoas do PT Qual o compromisso do partido com a pauta LGBT?
O PT transformou a causa LGBT em política de Estado e deu visibilidade inédita à população LGBTI+. Tivemos, por exemplo, no plano federal, em 2003, elevação da Secretaria de Direitos Humanos à categoria de ministério; em 2004 ,a criação do programa “Brasil sem Homofobia”; em 2013 a inclusão do nome ocial no SUS e reconhecimento dos direitos de casais de mesmo sexo no serviço público federal, em 2016, houve assinatura de decreto do uso do nome social.

Fora da questão LGBT, quais suas três principais propostas a população de Floripa?
Somos uma candidatura posicionada com os princípios feministas, anticapitalistas, antirracistas, antilgbtfóbicos. E, por este motivo, inclusive, entendemos que todo o princípio de construção de políticas públicas. Ainda assim, além da pauta LGBTI+, nosso principal foco está centrado nos direitos das mulheres, nos direitos humanos como um todo e na cultura.

É notável o quanto mulheres não possuem preocupação identitária e, como consequência, não votam em mulheres. Como pretende mudar isso? 
Em primeiro lugar, não acredito que, nem a questão LGBTI+, nem mulheres, tão pouco, por exemplo, do combate ao racismo sejam abordagens "identitárias". E por isso mesmo há tanta dificuldade deste voto "localizado", uma vez que se trata de questões estruturantes da sociedade, e, portanto, extremamemente "materiais".

A ausência de mulheres na política traz reflexos materiais, a divisão sexual do trabalho e a diferença salarial entre os gêneros, é material; o feminicídio é material; assim como também é material a morte das LGBTI+ cotidianamente, a baixa empregabilidade de nossa população, a falta de cuidado à saude integral etc. Logo, por entender este aspecto "estrutural" da questão, não entendo, tampouco, que "eu posso mudar isso".

Meu papel, enquanto ativista e candidata é promover reflexão constante para que todas as pessoas possam refletir sobre as consequências políticas, econômicas, sociais e culturais da ausência de mulheres, LGBTI+, negras(os), jovens etc, nos espaços de poder e decisão.

Floripa e Santa Catarina são lugares em que a esquerda não consegue forte adesão da população. Como você pretende superar essa objeção?
Em 2016, quando fui candidata pela primeira vez, fizemos debate de ideias sincero, verdadeiro e responsável sobre a importância de "tirar temas do armário" e tivemos resultado eleitoral importante: ficamos na terceira suplência, assumimos a Câmara três vezes.

Em 2018, fui candidata a deputada estadual e fizemos votos em 291 cidades das 295 do Estado: isso significa que, muitas vezes, o mais importante é ter responsabilidade na construção do debate, não esconder pautas, nem partido e dialogar com a população.

AVISO: Esta entrevista faz parte de projeto do Guia Gay Floripa de entrevistar todas candidaturas LGBT à Câmara Municipal de Florianópolis.

Todas as candidaturas recebem três perguntas iguais e duas específicas, que podem coincidir ou não, a depender dos partidos e dos perfis das pessoas pleiteantes.

Acompanhe todas as entrevistas e reportagens sobre as eleições na editoria Eleições 2020 clicando aqui.


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