Seja abordando histórias de personagens reais ou fictícios, o Oscar tem histórico razoável de alusões à comunidade LGBT.
Ainda que faltem mais de dois meses para o anúncio das indicações à 96ª edição do maior prêmio de cinema do mundo, já há burburinho sobre diversos filmes.
Ativista gay, nadadora lésbica, compositor bissexual... Figuras emblemáticas de esferas diferentes têm suas vidas contadas este ano.
Dentre dramas, romances, biografias, suspenses e até faroeste, conheça oito filmes de temática LGBT que têm chances de ganharem indicações ao Oscar 2024:
Maestro
Segundo longa de Bradley Cooper (de Nasce uma Estrela) tem foco no compositor estadunidense Leonard Bernstein (1918-1990) e sua história de amor com a esposa, Felicia (Carey Mulligan).
A vida dupla do artista - que tinha encontros frequentes com homens - era sabida pela mulher e lhe causava dor. A produção vai dos êxitos na carreira musical aos dilemas da vida pessoal de Bernstein.
Elogiado pela crítica, Maestro tem muitas chances de figurar dentre os 10 mais em melhor filme e dentre os cinco nas categorias de melhor ator (Cooper), atriz (Mulligan) e fotografia. Há ainda possibilidades para roteiro original, direção, design de produção, figurino e edição.
Nyad
A tour-de-force da ex-nadadora Diana Nyad é o tema do longa de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi.
Lésbica assumida, Diana (Annette Bening) passou 30 anos fora das competições nas piscinas e seguiu uma carreira bem-sucedida como jornalista esportiva e escritora.
Até que ao transpor os 60 anos passa a ter uma fixação: ser a primeira pessoa a cruzar a nado o Oceano Atlântico entre Cuba e a Flórida, nos Estados Unidos.
Nyad está tentando arrancar uma indicação para Bening na disputada categoria de melhor atriz este ano e tem chances na de atriz coadjuvante para Jodie Foster.
Estranha Forma de Vida
Pedro Almodóvar já foi lembrado algumas vezes pelo Oscar, mas nunca na categoria de melhor curta-metragem.
É ali que seu faroeste gay, que estreou no Festival de Cannes e ganhou manchetes por meses na imprensa, tem chances.
A produção de meia hora fala do amor mal resolvido entre o xerife Jake (Ethan Hawke) e o fazendeiro Silva (Pedro Pascal), que têm uma morte e uma perseguição no presente para resolver, em meio a lembranças voluptuosas do passado.
Todos Nós Desconhecidos
Misto de drama e suspense com ares sobrenaturais, o filme de Andrew Haigh tem ganhado cada mais vez mais hype na imprensa.
O longa centra-se em um roteirista solitário, Adam (Andrew Scott), que inicia um romance com o vizinho Harry (Paul Mescal).
À medida que o relacionamento avança, Adam reencontra os pais exatamente como eles estavam 30 anos atrás - antes de um acidente que os matou - e passa a conviver com eles.
Todos Nós Desconhecidos têm chances reais como melhor ator (Scott) e roteiro adaptado e possibilidade em melhor ator coadjuvante (Mescal).
Anatomia de uma Queda
Ainda que não possa ser considerado exatamente um filme LGBT, pois a sexualidade não é o cerne do filme, Anatomia de uma Queda merece o registro neste rol.
Um dos longas mais comentados do ano trata do julgamento de uma escritora pela morte do marido.
No tribunal, os meandros do relacionamento do casal são abordados, o que inclui a infidelidade da mulher que o traía com outras mulheres.
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o filme tem muitas chances em melhor roteiro original e melhor atriz (Sandra Huller). Há possibilidade de entrar em melhor direção (Justine Triet), melhor edição e melhor filme.
Rustin
A vida do ativista gay Bayard Rustin (1912-1987) é o tema desta cinebiografia de George C. Wolfe (de A Voz Suprema do Blues).
Rustin, vivido por Colman Domingo, foi parte fundamental na luta pelo fim da discriminação contra negros nos Estados Unidos e um dos idealizadores da mais famosa manifestação de rua do país, a Marcha sobre Washington, que se tornou histórica pelo discurso de Martin Luther King, em 1963.
O ativista enfrentou preconceito dentro da comunidade negra por causa de sua homossexulidade e só depois dos 60 anos se tornou também uma voz pelos direitos LGBT.
O filme é uma grande aposta na categoria de melhor ator (Domingo) e pode cavar uma indicação também como melhor roteiro original.
A Cor Púrpura
Permanece uma incógnita, pois não passou por nenhum festival e chega às telas estadunidenses só em dezembro.
Mesmo assim, a refilmagem é muito cotada ao Oscar pelo potencial da história que em 1986, na primeira versão (de Steven Spielberg), arrematou 10 indicações.
Agora uma adaptação do musical da Broadway, o filme fala de uma mulher, Celie (Fantasia Barrino), que, após sofrer sequência de estupros pelo pai, casa-se e é tratada como empregada pelo próprio marido.
Quando o homem leva a amante para morar com o casal, um envolvimento surge entre elas.
A Cor Púrpura tem bastante potencial nas categorias de melhor atriz (Barrino), atriz coadjuvante (Danielle Brooks e Taraji P. Henson), ator coadjuvante (Colman Domingo, de novo), figurino, design de produção e filme. Fala-se também em indicações para melhor roteiro adaptado, fotografia, edição e direção (Blitz Bazawule).
Saltburn
Conforme o ano chega ao fim, o longa de Emerald Fennell (de Bela Vingança) soma mais e mais elogios da crítica.
A história gira em torno do estudante Oliver (Barry Keoghan), que é convidado pelo colega Felix (Jacob Elordi) para passar as férias de verão na gigantesca propriedade dos pais, chamada Saltburn.
Em meio a festas e o exótico comportamento da família aristocrática de Felix, Oliver fica cada vez mais obcecado pelo amigo e por tudo que o cerca.
O longa pode disputar as categorias de melhor fotografia e roteiro adaptado. Possui chances também como melhor ator (Keoghan), atriz coadjuvante (Rosamund Pike) e melhor filme.
As indicações para o Oscar 2024 serão conhecidas em 23 de janeiro.
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