Morre diretor de um dos filmes gays mais polêmicos do cinema

William Friedkin dirigiu 'Parceiros da Noite', que enfrentou protestos nos Estados Unidos

Publicado em 07/08/2023
Al Pacino no filme gay Parceiros da Noite, Cruising
Al Pacino vive detetive que se infiltra na noite gay para encontrar assassino

Morreu, nesta segunda-feira 7, aos 87 anos, o diretor William Friedkin, responsável por um dos longas-metragens gays mais polêmicos da história.

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Heterossexual, o cineasta sofreu boicote antes das filmagens e durante a distribuição de Parceiros da Noite (1980), também conhecido pelo título original, em inglês, Cruising.

Estrelado por Al Pacino, o filme é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Gerald Walker.

Trata-se de um thriller sobre um serial killer que sai à caça de gays durante a noite. 

Pacino vive o detetive Steve Burns, que se passa por homossexual para encontrar o assassino.

Ele se muda para a região gay do West Village, em Nova York, se veste de jeans e couro e passa a frequentar bares e baladas voltados a adeptos do BDSM e à comunidade leather. No decorrer da trama, o detetive começa a ficar perturbado e a se afastar da namorada.

Al Pacino e William Friedkin
Friedkin dirige Pacino em cena do filme

Durante as filmagens, houve inúmeros protestos nas ruas para que o filme fosse cancelado. Manifestantes faziam barulho para boicotar as sequências, apontavam espelhos dos telhados para atrapalhar a iluminação e pediam para que donos de estabelecimentos gays não deixassem filmar lá dentro.

A indignação era porque acreditavam que o filme estigmatizava gays tratando-os como pervertidos.

Al Pacino, então um dos maiores atores dos Estados Unidos, insistiu que o filme não tinha uma mensagem homofóbica. Para o ator, retratar os bares leather e fetichistas era "apenas um fragmento da comunidade gay, assim como a máfia é um fragmento da comunidade ítalo-americana", referindo-se a O Poderoso Chefão (1972).

 

Assim que o longa foi lançado, em fevereiro de 1980, os protestos retornaram e as críticas foram péssimas. 

Friedkin analisou, anos depois, que o filme surgiu em uma época de liberação gay em que a comunidade estava vendo avanços na sociedade. No entanto, também foi no período em que a aids explodiu nos Estados Unidos. O cineasta concluiu que talvez a produção realmente não tenha ajudado no que diz respeito à liberação gay, mas que nunca foi anti-gay.

Nas décadas seguintes, o filme se tornou uma espécie de cult e passou a ter resenhas mais favoráveis. Vários cineastas se declararam fãs do longa, como Quentin Tarantino e os irmãos Josh e Benny Safdie.

Em 2013, o longa inspirou o docu-drama Interior. Leather Bar, idealizado por James Franco e Travis Matthews, sobre os 40 minutos de sequências gays que teriam sido cortadas e perdidas da fita original.

 

Uma década antes de Cruising, Friedkin já havia dirigido outro longa gay, Os Rapazes da Banda, adaptação de uma peça da Broadway de mesmo nome, escrita por Mart Crowley.

O filme, que ganhou outra versão em 2020, pelas mãos de Joe Mantello e com vários atores gays no elenco (como Matt Bomer, Jim Parsons e Zachary Quinto), fala da comemoração de aniversário de um homem junto a um grupo de amigos que vira um acerto de contas quando um convidado inesperado surge.

Dois longas mais premiados
Os filmes mais famosos de Friedkin, entretanto, não são esses. Seu quinto longa, Operação França (1971), recebeu oito indicações ao Oscar e levou cinco estatuetas - incluindo melhor filme, diretor e ator (Gene Hackman). 

A consagração seguiu com O Exorcista (1973), considerado um dos maiores filmes de terror de todos os tempos. O longa conquistou 10 indicações ao Oscar e levou dois prêmios (roteiro adaptado e som).

 

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