ELEIÇÕES 2022
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Candidata Lirous (PT) quer atuar por LGBT, mulheres e negros

Um dos principais nomes do ativismo arco-íris em Floripa quer integrar o Congresso Nacional

Publicado em 20/09/2022
lirous Kyo Fonseca
Candidata se compromete a ter gabinete que converse com a sociedade sobre projetos de lei

Diversão e ativismo. Nas duas áreas em Floripa, há o nome de Lirous K'yo Fonseca em destaque. 

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O desafio agora da DJ e ativista LGBT é arregimentar votos para ser eleita deputada federal pelo PT. 

Bissexual e trans, Lirous tem como principais focos a causa arco-íris, vida de animais e educação. Conheça mais das propostas da candidata na entrevista a seguir. 

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o Brasil avance nesse campo?
Um dos passos para começar a combater determinadas violências é através da educação. A gente precisa fazer com que a população LGBT consiga sobreviver dentro desse período que muitas vezes é bastante doloroso - que é ter que enfrentar o bullying, as violências. Esse tipo de comportamento que acontece muito frequentemente nas escolas. 

Eu, enquanto uma mulher trans, eu sofri muito a violência dentro do colégio. Por eu ser um pouco mais diferente, digamos assim, eu cheguei a ser convidada a ter de me retirar de dentro de uma escola. Então, eu acredito que a gente precisa criar políticas públicas que consigam discutir a questão da diversidade em sala de aula e também conseguir criar políticas de permanência para os alunos que são da comunidade LGBT. 

Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população brasileira em geral?
Quando a gente fala sobre projetos não voltados à população LGBT, a gente dialoga muito com a questão de Libras nas escolas como disciplina. A gente acredita que a gente precisa trazer a inclusão, a qual é um atravessador da comunidade LGBT porque bastante pessoas que são LGBT e se comunicam por meio de Libras.

A gente pensa muito também sobre a saúde animal. Como a gente consegue criar espaço em que tenha um SUS, um pet SUS. A gente precisa garantir a segurança dos nossos animais. O animalzinho faz parte da vida das pessoas. A gente vê que nos acolhimentos à população de rua, muitas vezes as pessoas não querem ir para o abrigo porque o lugar não acolhe o bichinho.

Outra proposta muito importante é a criação de locais seguros a população negra, LGBT e mulheres. A gente precisa fortalecer esses espaços. Fortalecer aquele bar que se coloca como "gay friendly", que ele é aberto pra mulheres, a gente precisa conseguir criar uma potência. A gente percebe que esses espaços, eles sofrem muita violência, opressões da própria Polícia Militar.

Aqui em Florianópolis a gente tem uma rua com vários bares de mulheres e LGBT e que sofrem as opressões vindas do Poder Público. Esses espaços fazem com que nós consigamos, inclusive, trabalhar a nossa saúde mental, é onde a gente cria redes, a gente faz nossos laços.

Em que seu mandato vai se diferenciar em relação ao que se tem na política atualmente?
Uma das coisas que a gente fez dentro da própria campanha são parcerias com pessoas que são das comunidades negra, indígena, LGBT. A gente quer criar espaço que seja plural dentro do gabinete com essas lideranças.  

A gente está falando sobre construir um gabinete com várias frentes que vão poder trabalhar as suas especificidades. Eu, por exemplo, fico decepcionada com diversas pessoas que já foram eleitas e que têm resistência em conversar com a população. A gente precisa mudar isso, a população nos elege, a população nos contratou para que a gente tenha um trabalho de representatividade.

A gente precisa criar um sistema e isso vem desde a minha primeira candidatura que é o de ter um profissional que vai buscar as demandas nas periferias, nas escolas. A gente criar grupos de encontro pra poder conversar e ampliar essas políticas públicas. Não dá mais para a gente querer criar da nossa cabeça uma política pública achando que isso vai funcionar. 

A gente tem de parar de ter esse ego. Eu, por exemplo, tenho muito medo da palavra "representatividade". Eu vejo muitos ativistas utilizando isso de forma equivocada, como se a pessoa fosse uma entidade. Não é assim que funciona. Eu não represento todas as travestis e transexuais porque muitas podem não se sentir representadas por mim.

Eu posso ser uma pessoa que está numa posição de destaque, mas estar nessa posição não significa que eu não precise dialogar com elas, até com aquelas que não concordam com a minha política.

Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay Floripa com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.


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